Instituto de Cinema de SP

CRÍTICA | The Midnight Gospel

É inegável dizer que os desenhos direcionados para o público adulto estão ganhando cada vez mais fama e mais espaço no mundo cinematográfico e de seriados. Então, para aproveitar essa nova onda popular, a gigante dos streamings Netflix, está apostando alto no mundo das animações adultas.


No decorrer de vários anos, podemos ver um leque de excepcionais animações que ganharam o coração do público e crítica dentro da plataforma como Bojack Horseman ou Big Mouth. Todas elas trazendo uma narrativa original e assuntos importantes sendo abordados. O que nos leva a última novidade das animações que chegou ao streaming e vem chamando atenção de críticos e do público, a série The Midnight Gospel.


A nova animação foca no protagonista Clancy, alienígena que mora em uma espécie de planeta fazendeiro e carrega o sonho de ter um videocast intergaláctico famoso. Durante os episódios, vemos ele viajando por diversos planetas e dimensões entrevistando diversos personagens para o seu programa.


Com uma premissa complexa e, ao mesmo tempo, aberta a várias possibilidades, Midnight Gospel decide tomar o rumo mais descontraído. Baseado em trechos de conversas retirados do podcast do comediante Duncan Trussell - que é responsável também pela dublagem do personagem Clancy - o enredo trata-se de uma conversa entre o apresentador do programa e um convidado, discutindo sobre os mais variados assuntos a cada episódio, acompanhado por uma boa dose de desenhos assinados por Pendleton Ward, criador da animação Hora de aventura.


É importante ressaltar esses certos detalhes porque a série nos seus primeiros minutos já mostra que não é algo complexo com um roteiro cheio de camadas e plot twists, é apenas uma conversa. Pode até perceber-se em alguns episódios que a animação que passa na tela é totalmente desconexa do diálogo que está ocorrendo ao fundo, o que é proposital. Enquanto você presta atenção nos argumentos e no assunto discutido, você pode se distrair algumas vezes com a segunda narrativa que está acontecendo. E essas próprias animações, tem algumas mensagens profundas que não precisam de alguma fala para ser explicada, outras, são tratados com uma boa dose de humor e desenhos caricatos que não deixa de agradar a quem está vendo o episódio.


Partindo para a questão sobre a conversa que o personagem Clancy está levando com seus convidados, podemos presenciar algo original e argumentos genuínos. Tentando abordar os mais diversos temas como legalização da maconha, espiritismo, budismo, perdão, família e entre outros assuntos, a série ao decorrer dos seus episódios não se deixar levar por argumentos piegas e uma falsa sensação de moralismo. Boa parte disso se dá pela bela escolha de assuntos, e também por conta de o roteiro ter sido brilhantemente retirado de conversas reais. Porém mesmo com uma dose de comédia e a sensação de descontração, o seriado deixa um espaço para fazer o público se emocionar, misturando a conversa com alguns de seus desenhos e cenas.


Midnight Gospel consegue um feito único, entrega todos os bons elementos de uma narrativa sem ter uma história concreta. Com uma boa conversa e argumentos que farão você pensar a cada final de episódio, a série se destaca em um ambiente que está começando a ser explorado. Todos os episódios estão disponíveis na Netflix.


 


Por Lucas Almeida

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