Instituto de Cinema de SP

CRÍTICA | Sérgio

Por se tratar de um filme biográfico, é necessário termos o contexto histórico de quem foi Sérgio de Mello (interpretado por um de nossos atores mais consagrados da atualidade, Wagner Moura), um importante diplomata brasileiro que morreu durante um bombardeio em Bagdá em 2003 na sede local das Nações Unidas (ONU), onde trabalhou durante 34 anos.


A trama internacional é baseada no livro de Samantha Becker "O homem que queria salvar o mundo” e também é uma adaptação do documentário homônimo da HBO também dirigido por Greg Baker. Sérgio conta a história do diplomata com experiência em áreas de conflito como Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Camboja, que é escalado para uma missão no Iraque, cenário de guerra entre os Estados Unidos e as forças de Saddam Hussein, recentemente morto. 


Considerado “a pessoa certa para resolver qualquer problema”, Sérgio embarca na missão ao lado de sua noiva, Carolina Larriera (Ana de Armas). Sempre carismático, um homem íntegro que não aceita ser um peão do governo estadunidense, Sérgio tenta resolver os conflitos com ambos os lados da melhor maneira possível. Um dos grandes exemplos de sua capacidade foi convencer o presidente da Indonésia a reconhecer a  independência do Timor Leste e  pedir  desculpas  pelas violações dos direitos humanos cometidos com as vítimas, o que para alguns parecia uma missão impossível.


Mesmo com tantos caminhos para a trama explorar, há elementos que incomodam e muitas pontas soltas no roteiro. Em certos aspectos, o enredo opta por focar o lado humano do diplomata - sem poupar flashbacks idílicos de seu relacionamento, que demonstram seu desejo de deixar de lado a carreira por uma vida normal, e explorando sua ausência na vida dos filhos - o que faz com que o filme perca a oportunidade de se aprofundar em assuntos relevantes e se consagrar como um thriller político. 


 Apesar da intenção do diretor de humanizar o personagem, há poucas cenas que realmente causam comoção, uma delas, um diálogo no Timor - Leste com a personagem "Senhorinha", vivida por uma mulher que não é atriz, sendo esse fator a peça chave para quem assiste identificar a verdade tocante em suas palavras. 


Vale ressaltar a atuação de Wagner Moura - diretor do recente Marighella, além de grande experiência em outras produções internacionais, como Narcos -, seguro e carismático, falando português, inglês e espanhol. E também da atriz  cubana Ana de Armas, que vem se destacando cada vez mais nas produções hollywoodianas, como Entre Facas e Segredos, 007 - Sem Tempo para Morrer, e escalada para viver a lendária Marilyn Monroe em Blonde


Mesmo não explorando os pontos pelos quais o espectador mais anseia, Sérgio tem uma narrativa que funciona muito bem quando combinada com trechos documentais que ilustram os acontecimentos da narrativa, na tentativa de fortalecer mais ainda a empatia com quem assiste, além também de honrar o papel tão importante que um brasileiro exerceu mundo afora. 


 


Por Larissa Stubbe

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