Instituto de Cinema de SP

CRÍTICA | Malcolm & Marie

Lançado no dia 5 de fevereiro na Netflix, Malcom e Marie é o mais recente trabalho de Sam Levinson, criador da aclamada série Euphoria (HBO). O drama é estrelado por John David Washington e Zendaya.


A obra retrata 1 hora e 40 minutos da vida dentro do relacionamento entre um diretor de cinema Malcolm e sua esposa, tendo início com a chegada do casal em casa após a noite de estreia de seu novo filme. Em meio aos preparativos do jantar, uma briga se inicia com a chateação de Marie por não ter sido incluída pelo marido em seu discurso de agradecimento. 


O que parecia uma questão pequena e pontual, então, escalona para outro nível e desenterra outras brigas de seu tempo juntos, virando uma bola de neve. Apesar da química entre eles, trata-se claramente de uma relação tóxica e de codependência, muito marcada pela violência psicológica e moral, que ficam evidentes nos diálogos ácidos durante todo o filme.


O início é empolgante e promete, com cenas longas e diálogos que acompanham o ritmo do jazz ao fundo. Com o passar do tempo, porém, as discussões se tornam arrastadas e quase entediantes. Alguns momentos poderiam ter sido salvos apenas com a tensão entre o casal, mas Levinson pecou com o excesso de explicações e justificativas de ambos, especialmente o personagem de Malcolm.


Com uma fotografia linda, é possível perceber a intencionalidade em cada corte e movimento de câmera, que combinam perfeita e diretamente com as ações, mas especialmente os diálogos, grande foco, e um dos pilares do filme. Inclusive, a escolha pelo preto e branco não poderia ter sido mais adequada, trazendo a dualidade que se faz presente também através dos personagens, duas forças opostas que atuam como antagonistas um do outro. 


Outro ponto que vale mencionar é o fato de Levinson apostar em um lugar comum na construção da personagem de Marie, muito parecida com Rue, personagem de Euphoria também interpretada por Zendaya, já que ambas com um background de vício em drogas e necessidade de reabilitação antes dos 20 anos de idade. No quesito atuação, é inegável que Zendaya rouba todas as cenas com seu trabalho impecável, até mesmo nos tempos de tela que são dedicados ao seu colega. 


Uma curiosidade é que o filme foi rodado durante a pandemia, com gravações entre os dias 17 de junho e 2 de julho. Nessa época, tanto Levinson quanto Zendaya estavam envolvidos com Euphoria, mas a série teve sua produção interrompida em razão da pandemia.


No geral, é um bom filme para conhecer melhor o próprio diretor e também se aventurar em um estilo não convencional. Malcolm e Marie está disponível na Netflix.


 


Por Ana Clara P.S.M.O.

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