Instituto de Cinema de SP

O cinema, assim como as diversas expressões artísticas existentes, é uma forma de resistência. Com o atual cenário político que atravessamos, a cultura passa constantemente por incertezas; o que não é diferente no audiovisual, já que desde o início deste ano as ameaças e ações contra formas de financiamento e incentivo foram colocadas em prática. 

Diante disso, é sempre um respiro de alívio encontrar uma produção artística que vá contra essas barreiras postas por aqueles que não entendem, não querem e não permitem determinado tipo de conteúdo. É o que aconteceu recentemente, quando o edital que permite obras LGBTQI+ foi suspenso pelo ministro da cidadania. 

E aí vem um filme como Greta, que deriva da peça Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá, de 1970. Nela conta-se a história de um homem de 70 anos que é gay, enfermeiro e busca por acabar com seu sentimento de solidão. Além de tudo isso, é fã árduo de Greta Garbo. Sua vida muda quando ajuda um jovem criminoso a fugir do hospital onde trabalha e o esconde em sua casa. 

Essa é a mesma narrativa trabalhada no longa, no entanto, com a direção e roteiro de Armando Praça, o que temos é uma versão mais humanizada do personagem. Na peça tudo ainda era muito tratado com comicidade, quando os personagens homossexuais ainda eram trabalhados dessa forma. 

Foi então em 2008, quando começou a trabalhar o projeto, que o diretor decidiu dar uma visão mais sensível, humanizada e dramática para o personagem. E para a escolha do protagonista, Marco Nanini, em seu papel - talvez - mais desafiador. Nanini, que muitas vezes ainda é atrelado ao icônico personagem de Lineu, vive um homossexual sexagenário que explora diversas questões ao viver um romance com Jean. 

Pois então vá ao cinema prestigiar mais uma obra do cinema brasileiro, que tem gostinho de resistência e sensibilidade ao mesmo tempo. O longa estreou no último dia 10 e se encontra em algumas salas. Não perca essa oportunidade! Confira o trailer abaixo.

Por Mariana R. Marques