Ruth de Souza, inigualável atriz brasileira, morreu no último domingo

No último domingo (28), a importante atriz Ruth de Souza nos deixou. Aos seus 98 anos, tratava uma pneumonia no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D\'Or, em Copacabana - RJ. Com mais de 70 anos de carreira, Ruth deixa um enorme legado e uma história inspiradora para todos os artistas.
Uma trajetória incrível
Ruth começou a trilhar sua carreira ao entrar, em 1945, no Teatro Experimental do Negro, criado por Abdias Nascimento. Lá, ao lado de outros artistas negros, abriu caminho para que fosse o primeiro grupo de teatro negro a subir no palco no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na peça O Imperador Jones, de Eugênio O’Neill.
Em 1948, ao ganhar uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller, passou um anos no Estados Unidos, estudando em Harvard e Academia Nacional de Teatro. Nesse mesmo ano se dá sua estreia no cinema, com o filme Terra Violenta, de Eddie Bernoudy, baseado no romance Terras do Sem-Fim de Jorge Amado. Em 1949 participa do longa Também Somos Irmãos, de José Carlos Burle, com temática ligada ao racismo.
Durante a década de 50 atuou em diversos filmes dos Estúdios Vera Cruz, após ser convidada por Alberto Cavalcanti para fazer parte do elenco fixo. Esteve presente em filmes como Terra é Sempre Terra (1950), Ângela (1951) e Sinhá Moça (1953), todos de Tom Payne. Por seu papel em Sinhá Moça, se tornou a primeira brasileira a concorrer em um festival internacional, nesse caso, o de Veneza. Nesse momento sua carreira no cinema ganhou grande reconhecimento. Ainda na década de 50, estudou teatro nos Estados Unidos e fez parte de algumas peças da Broadway.
Na década de 60, ao integrar o time fixo da Rede Globo, fez diversas novelas de sucesso, como Passo dos Ventos, de Janete Clair e A Cabana do Pai Tomás. Ainda em 60, interpretou Carolina Maria de Jesus, numa peça que falava de um dos principais livros da autora, Quarto de Despejos. Assim, firma seu papel no teatro e na televisão, inspirando aqueles que buscavam trilhar um caminho parecido com o seu.
Ruth é importante pioneira. E com certeza guerreira, por ter construído uma história de tantos sucessos, sendo a primeira mulher negra a subir no palco do Teatro Municipal e primeira brasileira indicada em um importante festival internacional.
Fica, para todos nós, artistas e admiradores da sétima arte e todo o audiovisual, um exemplo. Mulher inspiradora, que no carnaval deste ano ganhou um merecido enredo pela escola Acadêmicos de Santa Cruz. O Ruth de Souza – Senhora Liberdade. Abre as Asas Sobre Nós.
O velório da atriz aconteceu no Theatro Municipal nesta segunda-feira (29), sendo fechado para a família até às 10h. Os amigos e parceiros de carreira foram prestigiar e se despedir da incrível e precursora Ruth Azevedo. Toda a comunidade artística agradece por tantos anos de performances importantes, dentro e fora das telas!
Por Mariana R. Marques