Instituto de Cinema de SP

Profissionais do cinema: Designer de Produção

A função do designer de produção é uma das mais importantes dentro de uma produção cinematográfica. É dele a responsabilidade de materializar as ideias e conceitos quase abstratos do roteiro, fazendo com que as ideias do diretor sejam representadas fisicamente.


Nos primórdios do cinema, a construção de cenários era o artifício mais utilizado pelo designer de produção, o que foi intensificado e refinado através do surgimento de novas tecnologias. Além disso, a construção de cenários evoluiu junto ao modo de contar as histórias, trazendo ainda mais profundidade aos próprios roteiros, ao caracterizar personagens, situações, além de situar o espectador ainda mais para dentro do universo daquele filme.


A função do design de produção como conhecemos hoje surgiu apenas em 1939, com o filme “E o Vento Levou”, onde a construção visual da narrativa foi fortemente guiada e influenciada pelo destaque dos elementos de composição, cenários, paleta de cores, e os próprios figurinos da produção. A partir de então, o design de produção foi de fato elevado a um fundamental elemento criador de significados e profundidade em um filme.


O fato é que todos os filmes tem a necessidade de achar as locações ideais para suas produções. Elas são, basicamente, os cenários que vemos em cada cena. Sejam esses cenários lugares reais ou construções sob medida, é fundamental encontrar o local perfeito para representação das histórias. No caso das construções sob medida, há sempre vantagens nos quesitos iluminação e clima, justamente por serem ambientes controlado, construídos dentro ou fora de estúdios.


Um exemplo de grande trabalho em relação ao design de produção, são as obras do diretor Wes Anderson. Conhecido  por sua estética sempre impecável, o diretor e roteirista de filmes como “O Fantástico Senhor Raposo” (2009), e “Os Excêntricos Tenenbaums” (2001) mostra sempre um refinado cuidado e atenção na construção visual de seus filmes. O diretor é um perfeccionista em relação a todos os processos dentro de suas produções, desde os ângulos e enquadramentos, até à simetria e as cores características, sempre dando um ar de minimalismo para suas obras.


O filme “O Grande Hotel Budapeste”, de 2014, talvez seja o melhor exemplo disso. Tendo sido indicado a nove estatuetas no Oscar de 2015, o filme venceu 4, incluindo o Oscar de Melhor Direção de Arte. Os cenários exuberantes e paisagens de encher os olhos, em conjunto com ótimos personagens e excelente história, fazem a produção se diferenciar da maior parte das obras no cinema nessas últimas décadas. O filme conta com inúmeros cenários durante o decorrer da narrativa. Desde belíssimas paisagens naturais até construções controladas, o filme é um prato cheio para o espectador, nos colocando dentro do mundo fantasioso e artificialmente deslumbrante construído por Wes Anderson, que nos faz desejar viver em um mundo perfeito como esse.


E é esse o verdadeiro poder do designer de produção, nos transportar para um mundo novo, fornecendo os indícios visuais que estabelecem e realçam a realidade e narrativa do filme.


 


Por Pedro Dourado.

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