Instituto de Cinema de SP

Parasita faz história no Oscar 2020

A premiação que ocorreu no último domingo, dia 9 de fevereiro, foi marcada por diversos acontecimentos que geraram debates entre os espectadores e os próprios participantes desta edição. Desde o louvável discurso de Joaquin Phoenix (vencedor do prêmio de Melhor Ator por sua interpretação no filme Coringa), até o revoltoso fato de nenhuma diretora mulher ter sido indicada e, finalmente, chegando ao anúncio do vencedor da categoria mais esperada da noite, a de Melhor Filme.


Parasita, dirigido por Bong Joon-Ho, foi o grande vencedor deste prêmio, levando para casa a estatueta mais almejada, além das outras que já havia recebido ao longo do evento, acumulando as nomeações de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme.


Ao receber o título de Melhor Filme, o longa sul-coreano fez história, já que nenhuma outra produção de língua não-inglesa, nas 92 edições do Oscar, havia ganhado a categoria principal até então. Vale lembrar que o longa colecionou troféus por todas as premiações para as quais foi indicado, como o Globo de Ouro, BAFTA e SAG Awards, e vem quebrando barreiras desde sua estreia, já que foi também o primeiro filme coreano a receber a Palma de Ouro.


O sucesso do filme, porém, vai muito além de apenas uma superprodução cinematográfica. O tema retratado - a exposição de duas famílias de classes sociais distintas a partir do momento que suas vidas se encontram - fora pensado por Bong Joon-Ho como um retrato da sociedade sul-coreana atual, mas tomou proporções internacionais, demonstrando que as dificuldades e situações enfrentadas são de fato universais, já que “todos vivemos num mesmo país, chamado capitalismo”, como o próprio diretor afirma em entrevista.


Apesar do enorme sucesso do filme, a surpresa da premiação veio especialmente pela característica conservadora da Academia, responsável pela avaliação e resultado de cada categoria. Afinal, as premiações também são compostas de visões individuais subjetivas dos avaliadores, além de, claro, decisões políticas.


O prêmio recebido foi um reconhecimento do trabalho do cinema coreano, que sofreu muito com a ditadura vivida pelo país entre 1961 e 1987, dependendo de políticas de incentivo e cotas que cresceram nas últimas três décadas. Antes ignorado por premiações internacionais como o Oscar, isso mostra a necessidade de maior inclusão e destaque do cinema estrangeiro, que tem muito a oferecer, deixando evidente que o conservadorismo da Academia não tem mais espaço no mundo atual, sendo cada vez mais alvo de críticas.


A PREMIAÇÃO


Oficialmente chamado de “Prêmio da Academia”, o Oscar, como ficou conhecida, é a premiação de cinema mais popular e também uma das mais importantes. Foi criada no ano de 1929 por Louis B. Mayer, um dos fundadores do famoso estúdio de Hollywood Metro-Goldwyn-Mayer e os prêmios são entregues anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), fundada em Los Angeles em 1927.


Foi apenas em 1953 que a cerimônia foi televisionada pela primeira vez, com exibição somente nos Estados Unidos e Canadá, mas desde 1969 o Oscar é exibido em âmbito internacional. No Brasil, a TV Tupi foi a primeira a televisionar o evento em 1970 e, atualmente, a exibição fica a cargo da Rede Globo e do canal TNT.


Alvo de críticas como parcialidade, conservadorismo e falta de diversidade, alguns prêmios já foram recusados em razão dessas características, como o prêmio de Melhor Ator por Marlon Brando (O Poderoso Chefão).


Desde 2016, com a ameaça de boicote por parte de diversos atores e outros profissionais do cinema, a Academia se pronunciou prometendo uma série de mudanças. Apesar do prêmio vencido por Parasita, contudo, esta edição deixou claro que ainda há um longo caminho pela frente.


 


Por Ana Clara P.S.M.O

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