Instituto de Cinema de SP

O cinema de identidade feito em Nollywood

Na década de 80, a Nigéria passou por uma crise econômica que afetou diversos setores do país, inclusive a indústria do audiovisual. Mas, dizem que são nas crises que a criatividade aparece e os nigerianos foram criativos e não deixaram seu cinema morrer por falta de dinheiro. Eles foram em busca de alternativas e criaram um formato de produção e, em 20 anos, se transformaram na segunda maior indústria cinematográfica em produção de filmes do mundo, perdendo apenas para Bollywood na Índia. Hoje, são conhecidos como “Gigante Africano” e levam ao mercado interno e externo cerca de 200 filmes por mês, e assim nasceu Nollywood.


Esse nome “Nollywood”, foi dado a partir de 2002, embora a proposta nigeriana de se fazer cinema não se encaixa no perfil comercial de Hollywood. Porque, tem como principal objetivo a autenticidade e suas narrativas olham unicamente para o continente africano todo. Essa visão acerca da representatividade, está presente no mercado nigeriano, os próprios produtores locais focam na abrangência de histórias, que são contadas em sua maioria em inglês para atrair ainda mais espectadores.


O cinema feito na Nigéria tem diversos pontos positivos, atualmente a indústria cinematográfica é a segunda maior geradora de empregos no país, ficando atrás apenas da petrolífera. Nollywood, também é autossuficiente na produção de cinema, ou seja, não precisa de subsídios do governo para bancar seus filmes. E, isso aconteceu porque os nigerianos sabem formar público e gerar receitas para seus filmes. 


Atualmente, sites como o Nollywood Movies são responsáveis pela distribuição e venda dos principais títulos do mercado. As filmagens de um longa-metragem costumam durar uns 10 dias e tem um custo médio de três a cinco mil dólares no total. No mercado são vendidas uma média de cinquenta mil cópias em DVD. O preço gira em torno de três dólares. Os lucros são divididos da seguinte forma um dólar para a produtora, um para despesas com marketing e o outro para o comércio onde está sendo vendido.


O curioso é que onde mais se concentra o lucro dessa indústria não é nas salas de cinema, mas no mercado de home vídeo, já que no país, existem pouco mais de 12 salas de exibição. O filme líder em bilheteria em solo nigeriano conseguiu 25 mil espectadores, o título da obra é The Amazin Grace, de Jeta Amata. Fazendo uma comparação a popularidade do cinema na Nigéria seria como se fosse as nossas novelas, pois, tem um público fiel, que adora consumir um conteúdo onde possam se ver representados. Assim, assistir aos filmes de Nollywood, é ter a oportunidade de conhecer melhor a cultura africana e suas diversas identidades, que são apresentadas com diferentes narrativas nas películas, proporcionando outra perspectiva sobre a história e seu contexto, pouco explorado fora do continente.


Por Marcela Servano

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