Festival Mazzaropi abre inscrições para curtas-metragens
Estão abertas as inscrições para a mostra competitiva de curtas do 2º Festival Mazzaropi. O evento faz parte da 27ª Semana Mazzaropi, que marca os 108 anos do nascimento do cineasta paulista Amácio Mazzaropi, e acontecerá entre os dias 09 e 12 de abril de 2020 no Museu Mazzaropi, em Taubaté (SP).
As inscrições podem ser feitas gratuitamente através do site do Museu até o dia 20 de fevereiro. De acordo com o regulamento, estão aptos a concorrer curtas-metragens de até 15 minutos, que não tenham sido exibidos publicamente ainda, e que tenham sido gravados há no máximo dois anos.Também é necessário que o curta tenha legendas caso não seja narrado em português.
A lista dos finalistas será divulgada até 26 de março e os grandes vencedores, anunciados no encerramento do festival. As premiações do troféu Mazzaropi se dividem em dois júris: técnico e popular. O júri técnico decide as categorias de melhor ator, melhor atriz, melhor direção, melhor filme e humor. Enquanto o popular vota também no melhor filme da mostra.
O Festival
O festival, que busca reconhecer o cinema nacional e tem entrada gratuita ao público, tem como casa o mesmo endereço onde ficavam os estúdios de Mazzaropi em meados dos anos 1970 e onde hoje é o museu que reúne o acervo de um dos maiores humoristas, atores, cineastas e produtores brasileiros.
Apesar de ter nascido na capital paulista, Amácio Mazzaropi foi criado em Taubaté e produziu na cidade alguns dos mais de seus 30 filmes. Inspirado pela vida no campo, criou a série de filmes cômicos do caipira que carrega seu sobrenome. Ao longo da carreira, imortalizou personagens do imaginário nacional em obras como Tristeza do Jeca, Jeca Tatu, As Aventuras de Pedro Malasartes, entre tantos outros.
Mazzaropi
Em 1952, Mazzaropi iniciou sua carreira no cinema, arte que o tornaria reconhecido e lembrado. Seu primeiro filme, Sai da Frente, foi rodado naquele ano, e três anos mais tarde ele vendeu sua casa para criar a produtora Produções Amácio Mazzaropi (PAM Filmes). A partir de então, passa a produzir, dirigir e atuar em seus próprios filmes, que foram distribuídos para todo o Brasil.
Os filmes do cineasta são frequentemente exibidos na TV Brasil, e costumam registrar audiência mais alta do que o restante da programação da emissora. Todos eles mostram o personagem caipira vivendo situações diversas. Conheça algumas obras do diretor:
No longa A Banda das Velhas Virgens, Mazzaropi é um caipira que tem o sugestivo nome de Gostoso. Ele é o maestro de uma hilariante banda feminina formada por senhoras idosas e beatas. Orgulho da pequena cidade, a banda é mantida pelos donativos recolhidos pela igreja.
Meu Japão Brasileiro: Em uma comunidade rural nipo-brasileira, Mazzaropi é um agricultor chamado Fofuca que enfrenta a exploração descarada do “seu” Leão, responsável por intermediar os negócios entre os produtores e o comércio na cidade.
Em Jecão... Um fofoqueiro no céu, Jecão Espinheiro se vê envolvido com problemas relacionados à sua sorte com dinheiro. Ele e o filho Martinho ganham na Loteria “Espiritiva” e vão para São Paulo para receber seu prêmio.
Em plenos anos 1970, Mazzaropi falou às multidões sobre assuntos importantes como o preconceito racial. No filme Jeca e seu filho preto, o humorista interpreta Zé, o pai de um rapaz que (misteriosamente) é negro.
Seu último filme, O Jeca e a Égua Milagrosa mostra a história de dois fazendeiros, Libório e Afonso, que disputam votos para ganharem a eleição para a prefeitura de uma cidade pequena. Eles têm terreiros de umbanda e candomblé, utilizando os espaços para ganharem frequentadores e votos.
Após construir uma carreira com mais de 30 filmes como ator e diretor, Mazzaropi faleceu em 1981, vítima de câncer na medula. Mas é, ainda hoje, um dos maiores nomes do cinema nacional.
Por Isabella Thebas