CRÍTICA | Space Force

Lançado no fim de maio na Netflix, a série Space Force tem como premissa imaginar as atividades dentro da base secreta da Força Especial, braço militar criado pelo presidente norte-americano Donald Trump no final de 2019. A série conta com Howard Klein, Greg Daniels e Steve Carell na Produção Executiva, sendo que os dois últimos já haviam trabalhado juntos na aclamada série The Office (2005-2013). Por conta disso, uma grande expectativa se formou em cima dessa parceria com a Netflix.
A narrativa principal é bem simples: O piloto condecorado Mark Naird (Steve Carell) é designado a liderar a Força Espacial, com o objetivo de mandar uma missão à Lua. Mark reluta no início, pois tinha o desejo e ambição de comandar a Força Aérea, mas acaba aceitando o novo cargo como um desafio novo em sua carreira, se mudando para uma pequena cidade no estado do Colorado. Um ano se passa, e vemos os resultados da tentativa de adaptação à nova vida na família de Mark: Sua esposa, Maggie (Lisa Kudrow), está presa; sua filha, Erin (Diana Silvers), passa por problemas para se ajustar à nova cidade; e o conhecimento raso de Mark em relação a área de trabalho gera conflitos com os colegas.
Ao longo dos episódios, acompanhamos o dia a dia de Mark e sua equipe, formada pelo Dr. Mallory (John Malkovich), o chefe dos cientistas da Força Espacial, Dr. Chen (Jimmy O. Yang), um dos cientistas da equipe de Mallory, Tony (Ben Schwartz), assessor de imprensa da equipe, Angela Ali (Tawny Newsome), piloto de helicóptero que acaba se tornando amiga de Mark, e Brad (Don Lake), o secretario-general, que atua como um faz tudo, ajudando Mark.
E é na interação entre a equipe da Força Especial que a série mostra mais forças, com as subtramas de cada personagem muitas vezes tomando lugar da trama principal, trazendo personagens interessantes e carismáticos, com destaque para o personagem de John Malkovich, que possui uma dinâmica muito boa com o personagem de Steve Carell.
Quando o foco passa a ser o núcleo familiar de Mark Naird, vemos o ritmo da série cair, mostrando acontecimentos fracos e sem força. A personagem de Lisa Kudrow, Maggie, não possui grande destaque, aparecendo em um episódio ou outro, sendo usada casualmente como um alívio cômico, ganhando forças somente nos últimos momentos da série. Por outro lado, Erin, a filha do casal, acaba recebendo um desnecessário investimento, visto que a personagem não possui carisma suficiente para tamanho tempo em tela, e repete a história tão gasta da jovem revoltada com a família por falta de atenção.
Os episódios são muito chamativos visualmente, fazendo jus ao alto investimento. O problema é que o orçamento acaba não compensando o fraco roteiro da série, que acaba demorando muito para engrenar, correndo risco de não convencer que a produção vale a pena. Ela traz assuntos pertinentes, porém não se aprofunda tanto, preferindo dar continuidade na trama principal, que não possui a força necessária para nos prender. Além disso, as tramas secundárias são o forte da série, e acabam sendo deixadas de lado para o correr da principal.
Mesmo ganhando fôlego em seus últimos episódios, é mostrado muito pouco do que era esperado, podendo gerar decepções. Mesmo assim, podemos ver que potencial a série possui. E isso precisa ser aproveitado caso a produção volte com uma segunda temporada. E é válido destacar que, mesmo que não sendo bem utilizado nessa primeira temporada, é sempre interessante acompanhar em tela os caricatos personagens de Steve Carell.
Por Pedro Dourado.