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CRÍTICA | Frozen II

A continuação da avassaladora franquia Frozen estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, dia 02/01/2020. Frozen II - O Reino do Gelo, retoma a história das irmãs Anna e Elsa e coloca as protagonistas em uma jornada para salvar o reino de Arendelle e desvendar mistérios sobre seu passado. O primeiro filme, lançado em 2013, se tornou a animação mais bem sucedida em bilheterias do mundo, conquistando milhões de fãs ao redor do globo.


Todo esse sucesso pode ser considerado tanto uma vantagem quanto uma desvantagem para a sequência. Se, por um lado, o filme já tem com certeza um público garantido, entusiasmado para rever os queridos personagens, por outro, ele já nasce com a difícil tarefa de alcançar seu antecessor. Comparações e pressões para obter o mesmo, ou um maior sucesso, são inevitáveis, o que acaba impondo certos traços para o novo longa, que precisa atender às expectativas a seu respeito.


Como resultado, o diretor e roteirista Chris Buck, entrega um filme tão emocionante quanto. A obra é capaz de arrancar lágrimas do começo ao fim explorando o relacionamento entre as irmãs e o amor que as une. Diferentemente do primeiro filme, nessa sequência as irmãs passam a maior parte da história juntas, e é a relação entre elas que guia a narrativa. Ambas enfrentam suas jornadas pessoais, mas é o amor que têm entre si que lhes dá força para conseguirem alcançar seu objetivo.


A narrativa é focada na evolução particular e subjetiva de cada personagem, ligadas pela temática do amadurecimento e da evolução. As irmãs vão atrás da compreensão de seu passado e da sua família, enquanto buscam entender seu destino. Ao mesmo tempo em que Elsa investiga a origem de seus poderes, Anna lida com as mudanças que a vida lhe impõe. E até mesmo Kristoff tem seu próprio desenvolvimento, na medida que desprende-se da dependência que tem em relação à Anna, enquanto Olaf tenta compreender os sentimentos que provém do crescimento.


Porém, esse foco na jornada intrínseca de cada personagem, acaba por deixar o enredo do filme em segundo plano. A aventura em si funciona apenas como um pano de fundo para as trajetórias pessoais, tornando o roteiro fraco em certos aspectos e deixando a trama com a sensação de ter sido muito facilmente resolvida, repetindo no processo a mesma proposição do primeiro filme: a ligação entre as irmãs como força para salvarem-se.


Mas, apesar de deixar a desejar nesse aspecto, Frozen II é repleto de características louváveis. Mesmo sem um hit entusiástico como Let It Go, apresenta diversas músicas cativantes e emocionantes. O filme provoca choros e risadas mesclando momentos extremamente tocantes com outros hilários, os últimos normalmente protagonizados por Olaf e Kristoff, sendo um dos pontos mais cômicos o solo do pretendente de Anna, parodiando clipes musicais bregas enquanto declara seu amor. E, como já esperado, a animação é tecnicamente impressionante. Apresenta cores e efeitos visuais deslumbrantes, as nuances entre o aspecto da água, do gelo e da neve são muito bem exploradas nas cenas de conflito, e a demarcação do ar e do fogo como elementos da natureza presentes nas cenas chamam a atenção e constroem o mundo mágico do filme. 


    Por fim, é impossível falar de Frozen sem mencionar a mudança de paradigma social da qual a obra faz parte. Na segunda narrativa, a ideia de um casamento aparece apenas como um detalhe, um motivo para incluir dramas do personagem Kristoff, e está longe de ser um motor para as personagens femininas como estamos acostumados a ver nas produções da Disney. As princesas desse filme são empoderadas, sabem e o que querem, não hesitam em ir atrás, e estão longe de viver em função dos homens de suas vidas.


O mundo em que vivemos não cessa de se transformar, é um dever do cinema e das produções acompanhá-lo. Quem sabe essas mudanças não marquem um novo caminho a ser trilhado pela Disney ao criar e difundir os sonhos de tantas crianças pelo mundo?


 


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Por Isabella Thebas

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